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  • Foto do escritorPriscila Baumann

A sensação de que um caminhão te atropelou e você nem anotou a placa


Se você termina o seu dia com essa sensação, bem-vinda e bem-vindo ao clube dos que estão carregando o mundo nos ombros. São várias as razões pra gente fazer isso, mas hoje quero refletir junto com vocês sobre duas: a busca pelo perfeccionismo e a sede de subir o próximo degrau.

Eu tenho registro no sindicato dos perfeccionistas desde que nasci. Sempre fui chatinha, tudo meu tem um lugar específico, tudo eu tenho um método, sempre preferi fazer tudo sozinha para as coisas saírem do meu jeito. Lógico que sofri várias consequências por causa disso: com 16 anos tive minha primeira crise de estafa mental. E por que decidi escrever hoje sobre isso? Porque tenho visto cada vez mais relatos de gente que não aguenta mais tanta coisa pra fazer, que com a quarentena viu-se sendo mulher, dona de casa, empresária, funcionária, mãe, professora, psicóloga... tudo ao mesmo tempo; homens que tiveram que conhecer a rotina de organização de uma casa, ajudar, sentir-se sufocado com tantas videoconferências, e ainda assim encontrando forças sei lá onde para participar de lives, cursos online...

Eu também senti tudo isso! E em um dos cursos que participei ao longo dessa quarentena, me deparei com 2 afirmações que mexeram muito comigo: a primeira está relacionada às metodologias ativas de aprendizagem, que são exploradas como se fossem a oitava maravilha do mundo para te transformar na pessoa mais inteligente, criativa, produtiva, eficiente, perspicaz e garantir seu sucesso! Mas que sucesso é esse? O que isso de fato significa? Por que você quer sempre subir um degrau? Por que é tão ruim ficar na tal da zona de conforto? Por que é tão necessário evoluir o tempo todo? E onde essa cobrança toda vai te levar? Eu suspeito que no mínimo ela vai resultar em uma síndrome de burnout! E quem é perfeccionista costuma se cobrar em triplo, então essa receita torna-se uma bomba atômica pra sua saúde mental! E quem é empreendedor passou por uma situação pior ainda: ouvir que precisa se reinventar, e ao mesmo tempo assistir a tudo que construiu ao longo de muito tempo, dinheiro e esforço sofrer um baque fortíssimo. A segunda afirmação foi altamente machista, e fez eu simplesmente sair do curso: que as mulheres deveriam pedir para os esposos lavarem louça porque assim eles criariam novas sinapses! Essa doeu no fundo da minha alma!

No último mês, assisti a vários vídeos e li textos que abordavam temas que remetem tanto ao perfeccionismo e a busca de sempre buscar mais alguma coisa: que o maior motivo de divórcio na França está relacionado à divisão de tarefas domésticas; que as mulheres muitas vezes deixaram de se dedicar a um projeto ou a uma atividade remunerada para dar conta de afazeres domésticos; que a quarentena resultou em uma enxurrada de divórcios. Se aprofundarmos a reflexão, perceberemos o quanto vivemos voltados à produzir o tempo todo, o quanto muitas vezes a gente reforça a sociedade de classes e suas desigualdades, e o quanto deixamos de lado coisas que são importantes, mas que vamos deixando pra lá porque a rotina nos consome.

Pra finalizar, quero trazer um poema de Mario Quintana:

"A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são 6 horas: há tempo… Quando se vê, já é 6ª-feira… Quando se vê, passaram 60 anos! Agora, é tarde demais para ser reprovado… E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade, eu nem olhava o relógio seguia sempre em frente… E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas."

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